A culpa é das palavras
Construímos nosso castelo para eternidade.
Vivemos meses eternos, como se fossemos eternos.
Nosso amor, nossos risos, nossos dias, nossos versos.
Mas não somos... você partiu... E agora sozinha nesse castelo,
a minha vida é caminhar de abraço esvaziado e de mão solta,
Porque não tenho mais você, meu amor.
E da janela do nosso quarto...
fico a observar o lindo jardim, que juntos cultivamos,
que a cada estação, traz você, um pouco de você.
Sabe amor, já se foram muitos outonos, invernos,
Primaveras e verões, desde a sua partida...
Confesso-lhe: a pesar de pedires para não desistir,
Não foi fácil... e você esqueceu de pedir às palavras
Para não me abandonarem, depois de sua partida.
Porque elas me abandonaram, amor, todas elas!
Que por amor a você, também foram embora, antes da hora...
Fiquei completamente perdida e sozinha, depois que você se foi.
As palavras secaram, e as lágrimas jorraram,
E condenada, fui amor, a vagar pelo vale da morte,
morta de palavras... Assim vivi, amor, por muitos anos.
Mas, no último verão criei coragem...
e caminhei por cada canto de nosso castelo.
Revivi cada riso seu, cada olhar... cada momento,
de amor, de “brigas”, de reconciliação.
Abracei cada palavra sua, beijei, chorei, acariciei você,
como não poderia fazê-lo, amor? – O nosso castelo
tem tanto de você que demoro a me encontrar...
E nesse momento as lágrimas despencaram em queda livre...
Mas dessa vez não estou mais sozinha... as palavras
que com você partiram, voltaram, trouxeram-me de volta,
e de volta ao nosso castelo de palavras, e amor, ainda sinto
a sua falta, ainda, muita saudade de você...
Camaçari/BA, 13 de julho de 2019, 20hs05min.