Peço licença poética para ser luz

Peço licença poética para escrever; sobreviver.

13 de julho de 2019

A luz laranja que penetra a cortina da sala é cada vez mais intensa e sinto-me perdida nesse mar de oxigênio que me cerca. É uma sensação permanente de leveza, sintonia e pertencimento. O ar entra e sai com tanta facilidade que nem percebo que respiro, existo, sou. Minha mente agora fica perplexa com os milhares de pensamentos e conexões que surgem a todo momento. Fecho os olhos e não me imagino menos capaz de viver ou estar viva aqui e agora. Uma porção de dúvidas surgem neste instante. Se eu realmente sei o que quero, se eu serei feliz num futuro distante (será mesmo distante?). Estou rodeada de desgostos e vidas caretas, cheias de gestos vazios e tão lineares quanto as montanhas das Chapadas que vejo pela janela do quarto. Quão esvaziadas estão as pessoas? Quão absortos estão no frugal primeiro ato? Esconderam-se no canto da caixa de cena, esqueceram-se de que o público os espera. Ficam camuflados diante da longa cortina preta que até me lembra a cortina de onde a luz laranja chegou, a da minha sala de estar. Uma diferença apenas as separa: de uma sai luz, de outra saem humanos, ou melhor, escondem-se humanos.