Sertões e oceanos das paixões
São tantos sertões beirando oceanos das paixões...
Quando o amor acontece, os corpos se emprestam em prazeres e cintilam em luares despencados na imensidão desses mares e dessas terras secas.
Florescem os cactos empoeirados; No mar brincam as calmarias, acariciando as costas das ondas bravias, fazendo-as deitarem, para as embarcações emotivas deslizarem na espuma da felicidade.
As horas são ternuras; Todos os espelhos se regozijam com as imagens exibidas. Os perfumes se declaram cúmplices dos cheiros e a nudez se eterniza no desejo abrasador. Os sertões viram mares nos deságues dos orgasmos.
Mas, quando se ausenta, é tormenta no cinza da desilusão.
Inteira dor, tanto quanto mede o amor! Peito vira cais despedaçado, em meio ao vendaval que baila no ermo dos ares. Mente viaja pelas areias do tempo; E os olhos viram sertão realmente, depois de tantos mares, deixando mergulhar saudades sentidas. As âncoras da tristeza são jogadas e vão pousar nos bancos de corais, saudando naufrágios.
As ilhas paradisíacas da felicidade ficam a espreitarem distâncias; E nas mãos do navegante, a bússola da esperança não consegue saber das direções.
São tantos sertões beirando oceanos das paixões, que viver às vezes é de sal e de sede.