De olhos limpos

Quando estive aqui, de olhos abertos pude testemunhar o amor em mim. E ele era mais veloz que a minha voz, era melhor que qualquer desejo e eu o segui por querer descobri-lo me achei despido das muitas coisas que fui diante de mim mesmo.

Enquanto vivi o momento, o amor mostrou-me força num dia indistinto, além de maiores horizontes e novas origens, fui quem jamais ousei querer ter sido. Fui muito, mesmo sendo pouco visto, na hora não me importei com isso.

O amor me fez doador e me enriqueceu para isso. O amor me chamou, demandou, mas me preparou desde o princípio. Ele foi à frente deu-me de si sem teste, sem avaliação e sem motivo, seu critério era atingir meu coração e o fez porque lhe era intrínseco. Como a mão na luva, ele me revestiu e estive, enfim, aquecido.

Os olhos de amar me fizeram sábio como jamais havia sido, marcou-me de um jeito exclusivo, na simplicidade de ser querido, me entreguei a seus benefícios, para com ele tecer o caminho mais digno que eu poderia ter conhecido.

O amor ocorreu desde a graça de ter partido, em seu movimento misterioso e tão incompreendido, achei-me liberto e sempre nutrido. Ele achou-me, eu abri mão de estar perdido. Fez-me vivo, agora falo como se já houvesse vivido, desfruto da sua atemporalidade antes mesmo que se feche o ciclo, faço dele o troféu, o valor, tudo que credito. Dispenso a vitória, eu amo e desde então, já havia vencido.

[Em 06/07/2019]