Conversa comigo mesmo

Hoje depois de muito tempo, eu tive um tempo pra conversar comigo e andamos falando de tudo um pouco.

Conversamos sobre o caminhar da vida, essa que te leva como um barco que na sua essência é feito dos mais duros e resistentes metais conhecidos, porém contra a imensidão do oceano se torna pequeno e imprestável a ponto de a mais sofisticada tecnologia não ser suficiente para garantir que ele atraque com segurança em outro porto.

Também falamos a velha frase feita de que “mar calmo não faz bom marinheiro”. Isso é muito verdade, porém, não se pode deixar o marinheiro conduzir o barco ainda que por mares calmos em sua primeira viagem, o bom marinheiro precisa de treinamento aperfeiçoamento. E diz ai meu caro? Nós começamos falar da vida! Pois é meu caro a vida se parece muito com um barco, hora você está na segurança de um porto, hora você está em alto mar enfrentado tempestades. Por isso você precisa estar bem treinado, bem preparado porque assim ainda que você não tenha enfrentado nenhuma tempestade você já terá ouvido falar de como enfrentá-las e até mesmo de como vencê-las, ainda que vencer seja peculiar.

_ É meu caro, mas o que é vencer na vida?

_ Não sei afinal cada um tem um porto para atracar e cada barco que atraca leva os limites de cada um em ralação a vencer na vida.

_ Limites? Mas já me disseram que o limite deve estar sempre ali, depois daquela curva.

_ Mas penso que vencer na vida só se concretiza no dia do grande ato final, aquele dia em que amigos de infância que não te viam há quarenta, cinqüenta anos se reúnem para chorar na despedida de sua ultima viagem, aquela que você mesmo nem sabe que está fazendo, são os outros marinheiros que a farão por você e com você.

_ Nesse dia penso que nosso vencer na vida estará concretizado, e como ultimo ato, você deu às pessoas a oportunidade de se encontrarem seja para chorar por você, seja para matar a saudade que elas sentiam umas das outras e você em sua última viagem foi só um pretexto.

Estes barcos que não voltam mais e também não se atracam em mais nenhum porto podem levar consigo a leveza da vitória justa ou o peso da vivência solitária de pessoas egoístas que não vêem no convívio diário a grandeza de estar com pessoas que o ama, que o quer bem a ponto de fazer da sua ultima uma despedida triste daquela que foi preparada para ser uma grande festa a vida.

Barcos que se encontro por uma única vez em um único porto se resvalam e deixam marcas para sempre um no outro, ainda que nunca mais voltem a se encontrar essas marcas jamais voltaram a ser o que era e esses encontros mudam para sempre o curso da vida.

Por isso resvale na maior quantidade de barcos possível, assim você poderá moldar sua existência com o melhor de cada um desses barcos.