A dor do fim
A dor no fim de um relacionamento não vem por causa do fim do relacionamento. Não é isso que dói. O que dói é o fim daquela mensagem de bom dia que chegava todo dia de manhã.
É o fim do “dorme bem”.
“já almoçou?”
“se sente melhor da gripe?”
“O que seu chefe falou?”
É o fim do interesse de alguém pelas suas coisas. É o fim do saber como foi o dia.
É o fim do “vamos fazer pipoca pra ver esse filme?”. Não pela pipoca, mas por não ter a quem oferecer.
O que dói não é o não ter sexo. Podemos ficar sem sexo por muitos motivos. O que dói é o fim do abraço na noite fria. É o fim das conversas até pegar no sono. É o fim do cafuné.
O que dói não é o acordar e perceber que não há ninguém, é perceber que não haverá ninguém.
É o fim da companhia sempre certa para ir ao cinema. É o fim da certeza de ter algo para fazer no fim de semana. É o fim do nunca se sentir só, mesmo quando fica só.
A dor no fim de um relacionamento vem por puro egoísmo.
Não é sobre finalizar ou encerrar algo, é sobre não ter mais algo que a gente aprecia.