Imperfeito
De que me adianta ser letrado, ser doutor,
se não carrego a simplicidade para rir das coisas banais.
De que me adianta ser bonito, forte e másculo,
se minha antipatia espanta tudo e a todos.
De que me adianta ter boa saúde,
se não tenho tempo para caminhar pelas areias
e assistir ao pôr do sol.
De que me adianta ser poliglota,
se não sou capaz de pronunciar “eu te amo”
na minha língua materna.
De que me adianta ter dinheiro,
se o que mais quero não tem preço.
De que me adianta ter mulheres,
e fecundar uma cápsula incolor.
De que me adianta ser humano,
se sou sempre imperfeito.