Milongas Milongueiros
Quando entoam as seresteiras
Nas orgias madrugadeiras,
Soa a milonga que toca a alma,
Silencia o berro das porfias.
Sonho exalado em orgias
Acordes aquecem a noite fria
Sou poeta na dor da milonga,
Sua clave e nota tudo ensina
Com ela valseio minha lagrimas.
Floreio o meu amor a china
Milonga nasceu aos olhos da lua,
ficou gigante em toda pampa continentina.
Toca o milongueiro com tom de feiticeiro
Ecoam notas da serra a baixada,
Acolhimentos de amores sofridos
Assovio do tiro das armadas
Berravam em toda estampa "gaúcha"
O som de todas as cornetas caladas.
Os berros de quero-quero traz
consigo o sonho da igualdade
O berro da liberdade da pampa farrapa
Milonga que embala sonhos,
Nas claves da fronteira que o timbre
aquece e espanta os medos medonhos.
Milonga que faz a varredura
nos tombos e em todos meus lemas
chuleia nas esporas todos meus temas
Melodia que translucida me faz bem:
Versos que abraçam aos que muito tem,
E dá de consolo aos que nada tem.
Milongas e milongueiros
Acordes do poeta nobre
Encilha tua nota a custa
de algum cobre
Toca o silente da nota solta
Deixe a mescla da lira
Desvendar teu som na madrugada
A orgia de uma milonga bem dedilhada.