Se Pudéssemos Voltar No Tempo
Se pudéssemos voltar no tempo, não daríamos tanta importância para as coisas. Praticaríamos o desapego, buscaríamos a simplicidade.
Baniríamos para sempre os gritos inúteis, brados que nos revelam fracos e carentes de paz, que somente nos afastam das pessoas que amamos.
Admitiríamos o quando precisamos uns dos outros. Cantaríamos muitas canções, tomaríamos banhos de chuva, construiríamos barcos de papel, abraçaríamos demoradamente os nossos pais.
Desenharíamos a felicidade nas telas da simplicidade, faríamos da prece o mais belo canto, da fé o escudo imbatível, da esperança a luz capaz de neutralizar todas as trevas, da solidariedade o manto que protege, conforta e acalma, do amor, o bálsamo de todas as horas.
Relembraríamos com mais frequência os tempos de infância, o perfume das nossas antigas casas, os sons da cigarra, o mugir do gado, a canto da passarada, o adorável barulho da chuva, as luzes dos, as luzes dos vagalumes, o voar das borboletas, o sorriso dos nossos avós, o gosto da água armazenada na moringa de barro, o sabor dos bolinhos de chuva, a serenidade transmitida por nossos pais, os primeiros brinquedos.
Ficaríamos felizes apenas por colher amoras, araçás ou guabirobas na mata nativa, perto de casa, por andar descalços, contar estrelas, admirar o desabrochar de uma singela flor, afagar os animais de estimação, catar conchas na orla da praia, adornada pelas brumas dançantes, ou quem sabe salvar uma joaninha ou um tatuzinho, brincar de esconde-esconde, pular amarelinha, construir brinquedos improvisados, ouvir uma canção de ninar, rodar pião ou pular a fogueira.
Pintaríamos os momentos tristes com as tintas do arco-íris, sorriríamos como crianças, ignoraríamos a ingratidão, a maldade, faríamos muitas preces para aqueles que mesmo sem motivo não conseguimos agradar.
Nos bastaria a família e os impagáveis amigos que nos amam, apesar das nossas inúmeras imperfeições.
Quantas pessoas queridas já se foram! Mas, afortunadamente temos tantas para valorizar, amar, agradecer e compartilhar momentos inesquecíveis! E, conscientes quanto a preciosidade do tempo, não o perderíamos de forma exagerada, as vezes imperceptível, nas redes sociais, onde os abraços são robóticos, desprovidos de contato, diálogos e presença.
Então, nos amaríamos mais, desfrutaríamos momentos sagrados da prazerosa convivência, nos mostraríamos indiferentes aos comentários que tentam diminuir a alegria.
Admitiríamos a nossa condição de seres em construção, carentes do aprendizado, assimilaríamos a brevidade da vida, seríamos capazes de distribuir a felicidade, para assim recebê-la de volta.
Mas....se o retornar nos revela impossível, hoje, o tempo ainda
nos permite refletir e concretizar as mudanças, vivenciar esta vida maravilhosa que Deus nos concede, para compartilharmos muitos abraços, praticarmos o perdão, a compreensão, o amor ao próximo,
a fé e a alegria, o amor próprio, a resiliência e a paz! Pensem nisso!
Ana Stoppa