A PEDRA

A PEDRA

Conquanto eu seja um ser racional, não tenho pejo em declarar que invejo o elemento Pedra.

Invejo as pedras,sim, não as pedras que ferem ou causam desgraças, arremessadas pelas fundas de Davis ou pelas catapultas de antigas guerras, mas sim as pedras por serem imunes ao tempo e, de o nada lhe bastar, sem as preocupações do amanhã pois que todos os dias, são o hoje o ontem e o amanhã. O tempo e o vento lhes bastam.

Invejo as pedras dos caminhos, por lhes darem a devida consistência, para tantas idas e vindas de máquinas e de gentes; as pedras, que se fizeram muros à beira dos mesmos caminhos, onde repousam eras e, as heras, os macios musgos e as madressilvas, e até as outras silvas, que dão amoras, manjar dos passarinhos.

Invejo as pedras daquela rua, as pedras daquelas casas, que guardam segredos, dos meus folguedos, das minhas aventuras e dos meus amores e, dos meus medos. Das vidas que abrigaram, das rezas que escutaram, das alegrias e tristezas que abrigaram e, que passaram; mas elas na sua atemporalidade, ali permanecem, sem um queixume, sem um ciúme, sem um ai. A sua condição de mineral elemento é a sua fortaleza, superam o reino vegetal e o animal pois estes, são corruptíveis.

Com a pedra se fizeram fortalezas, castelos, palácios, palacetes, casas e casebres. Na pedra se desenharam cenas rupestres muito antigas para vislumbrar-mos a nossa história passada; na lousa que é pedra, aprendemos com nossos mestres a nos expressar com letras e desenhos, e com a vantagem de dispensarmos o papel, poupando assim à mãe natureza o infortúnio de ficar mais pobre e, sem a beleza das árvores que nos dão o oxigénio, elemento indispensável para arejar ideias.

A pedra não fala, por isso se diz quando nada escutamos ao nosso redor, se faz um silêncio pétreo. E neste mundo de barulheiras infernais, como é bom de quando em vez escutarmos o silêncio, para ouvir seus sábios ensinamentos!

Para encerrar estas minhas lucubrações, direi que, não foi por nada que Jesus Cristo, rebatizou Simão e lhe deu o nome Pedro, seu Apóstolo, a pedra sobre a qual fundou a sua Igreja, que perdura e, haverá de perdurar enquanto o mundo for mundo.

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 23/06/2019
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