Transcendental

Como um anjo caído que se recusa a perder as asas, observei sua queda me atravessar entre os lençóis do meu altar.

Como a sombra que esgueira nos corredores de Creta, prestes a atacar, senti o ímpeto verdadeiro de lhe abocanhar como o ouroboros que se renova ao se devorar.

Como a memória de um quadro pintado nas paredes do meu paladar, gravei seu gosto e o gosto de todas as coisas que deliberadamente me foram roubadas, para o meu prazer.

Aos deuses que observam as ervas daninhas crescerem nos portões do paraíso, dedico os frutos das paixões que descobri nos lábios da quimera que surgiu no meu quintal.

Fernanda Oz
Enviado por Fernanda Oz em 18/06/2019
Reeditado em 18/06/2019
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