Um lindo sonho
Acordei, ainda sonolenta olhei através da janela do quarto para o vale verde que estendia-se a perder de vista.
O sol acabara de nascer e seus raios ofuscantes faziam com que eu desviasse os olhos de sua direção.
A casa estava silenciosa, pensei, onde será que estão todos? Nem o Rique meu irmão menor que já acordava fazendo barulho não estava.
Estranhei, saí no quintal e a pitangueira estava toda branca e florida, o vento trazia até a mim o perfume suave das flores delicadas.
O zumbido das abelhas colhendo o néctar parecia uma doce sinfonia aos meus ouvidos. Sentei-me no banco rústico que meu pai fizera do tronco da velha paineira do vale, a árvore morrera por causa dos cupins que a invadiram. Fiquei ali pensando como a natureza era fantástica e generosa, estava em cada estação
presenteando-nos com suas belezas. Essa primavera prometia muitas flores. Naquela paz e quietude
deitei a cabeça no encosto do banco e adormeci.
Acordei com meu esposo me chamando: Laura já são oito horas, levante-se, não vai dar tempo de tomar seu café antes de sair para a faculdade.
Abri os olhos e levantei-me devagar, olhei pela janela e enxerguei o quintal, o jardim, o chão cheio de folhas amarelas que caíram do pé de primavera durante o vento forte da noite. Estávamos no início do outono. Foi tudo
um sonho, um lindo sonho da época da adolescência. Meu irmão Henrique agora já estava formado em Veterinária, era o sonho dele, sempre gostou muito dos
animais.
Lá na Fazenda eu e minha mãe costumávamos nos sentar para tomar o sol da manhã naquele banco rústico que ficava no quintal de casa. Ficávamos ali por um bom tempo a contemplar a pitangueira coberta de flores
brancas e delicadas. As abelhas e beija-flores saciavam-
se com o néctar doce.
Meus pais já partiram, brilham no céu como duas estrelas, eu aqui sonhando com um passado distante
cheio de lembranças felizes que enche-me o coração de saudades.