No mesmo olhar.
É no mesmo olhar de outrora,
No mesmo olhar que a muito me perdi em solitárias e doloridas lágrimas, neste mesmo olhar, despretensioso, elegante, descuidado às vezes... Eu me reencontrei sem querer ser encontrado.
É no mesmo olhar de outrora,
No olhar enxergo a dor do amor, de quem nunca o teve, estando ao lado dele o tempo todo. Sou estranho, eu sei disso, e desejaria não saber, afinal, disse certo poeta que amar se aprende amando. Como então, desaprender a amar?
É no mesmo olhar de outrora.
No mesmo olhar de primaveras não dormidas, de noites inteiras esquecidas, de tristeza, dor, melancolia. No mesmo olhar, de lábios cerrados, lábios que o poeta em sua loucura tanto desejou. Esses lábios que beijos não selaram, mas que agora, sorriem em face do meu descontentamento.
É no mesmo olhar de outrora.
No olhar deste que vos escreve, existe uma lágrima, minha única e desesperada lágrima, descendo , morrendo, sem a esperança de nunca florescer. Talvez um dia, talvez, essas palavras encontrem o mesmo olhar de outrora.