SANGUE

Queria que minhas palavras fossem suficientes para expurgar alguns sentimentos aflitos que insistem em bagunçar meu juízo.

Queria que meus sorrisos fossem encobridores de tantas dúvidas inconvenientes que se atravessam nos meus pensamentos.

Queria que meu corpo reagisse com energia suficiente para asfixiar as dores que insistem em me limitar o prazer de uma desenvoltura de movimentos.

Queria que meus sonhos sobrepujassem a realidade desnuda e cruel, e se possível também cumprissem seu papel de me manter a confiança mesmo nos dias cinzas e insignificantes.

Queria que meu olhar desnudasse as intenções dos que me falam suas verdades e que tentam me convencer que são especiais e que estão bem em suas vidas medíocres.

Queria que meus joelhos suportassem a fé em algum ser superior que tenta me convencer que tudo já está decidido e “escrito”, e que só me resta aceitar para talvez doer menos.

Queria ainda que meu coração voltasse a acreditar que não serve apenas como órgão vital para o transporte desse fluído que carrega plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas por essa constituição física, mas que acima de tudo pudesse acelerar e pulsar vida de verdade.