SANTOS DE CARNE E OSSO
Os verdadeiros santos... os que me convencem... de sua santidade
Oh! não!... não são fantasmas nem estátuas, são reais!
E na realidade de qu'é, pois suas vidas... são "biologicamente" normais:
Comem... bebem... cagam... mijam... trabalham... pagam suas contas...
Alguns casam... têm filhos... amigos...
E inimigos também... (e quem não têm?)
E riem... e choram...e às vezes ficam sérios... irritados
Ah! Quem não se lembra de como ficou Jesus ante os vendilhões do templo?
Os santos reais! Não! não negam seus sentidos...
Mas vivem... e adoecem... e sofrem... e morrem...
E caminham... e seguem... com seus calejados pés
E caem, porém, não se deixam abater por suas quedas
Até porque sabem que a vida... é o caminho do calvário
(e, Alguém um dia já não nos ensinou isto... com Sua vida?)
E no prazo de sua jornada eis qu'escrevem... sua viva estória
Os verdadeiros santos!
São de carne e osso... e d'alma viva
D'alvorada ao ocaso de sua jornada
No tempo que inexoravelmente avança e a todos engole... sem piedade
Nos duros flagelos que se batem em nossos lombos
Entretanto, não se autoflagelam... nem seus sentidos mortificam
Não se torturam e menos ainda se condenam pelas vozes do "superego"
Mas também não s'escravizam pelas sugestões e exigências do "id"
Vivem no equilíbrio do "ego"
E, portanto, são sensatos.. de "pés no chão"
E na pureza de seus olhos não veem pecado no que tantos nefastos olhos veem
Pela limpidez de sua vista a que os fazem... felizes
Aliás, não adiam a felicidade como tantos o fazem!
(na protelação de seus sonhos... seus projetos, não sei por quê!)
E quantos assim saem deste mundo!
Os verdadeiros santos... vivem... no mundo... hoje
A exemplo de Cristo Jesus... que preferiu "estar entre nós"... aqui
Ah! O Cristo! E pensar qu'ele veio n'uma época tão desconfortável:
Sem luz elétrica... televisão... ou rádio... ou chuveiro aquecido...
Sem saneamento básico... sem água tratada (potável)
Sem rede de esgoto... sem telefonia, internet... redes sociais virtuais...
Sem transportes ligeiros (carro... avião... ou mesmo trem)...
E assim ele veio:
Num período em que não se havia nem programas de vacinação...
É como eu digo a todos:
“Prefiro ser um plebeu neste atual tempo... com tudo ao meu dispor
Que vir a ser um rei num castelo no período antigo ou da Idade Média”
Deus me livre e guarde!
Mas, voltemos aos "santos"
Os santos de verdade... vivem em humana relação
E são "éticos", todavia não vivem a "ética da farisaica hipocrisia"
Menos ainda são moralistas da condut'alheia
E, por isso, não são juízes de ninguém
Ou promotores a acusarem sempre os "infiéis do mundo"
Nem tampouco são os "donos da verdade" (malditos fundamentalistas)
Gente chata e desagradável, estes "certinhos da vida"
Um saco!
Oh! não! Os santos verdade "conseguem" amar... o outro
E como o fazem?
Porque não veem o outro... como sendo "o outro", somente por isto
Nos conflitos e contradições deste vasto e pelejado mundo
E "viver em relação" já é a maior das mortificações
Não precisam bater o chicote nas costas só porque pensou "naquilo"
Ou porque "olhou para o que não deveria"
Não! Também não realizam "milagres espetaculares"
(a que em tal grau fascinam os olhos dos tolos dest’exílio)
Nem são exibicionistas no exercício da caridade com o próximo
Menos ainda querem comprar um lote no céu com seus dízimos
Oh! Não, o céu não está à venda!
Os santos de verdade!... De carne e osso!
Como seus olhos se deslumbram ante os "milagres mais simples"!
E destarte, contemplam com o maior de todos os gozos:
Um'alvorada no horizonte... a lua em suas fases... O ocaso do dia...
O movimento de tudo:
D'uma vida que agora chega... ou mesmo que se parte...
O encontro das almas (no cotidiano do viver)... nas ruas das cidades
(e, por que não nas mensagens virtuais... que também nos aproximam?)
Mas, principalmente, na revelação do maior de todos os milagres:
O de s'estar... vivo
Ou melhor, o de se..."ser vivo"... no mundo... no tempo... para a Vida
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11 de junho de 2019