o vento
O vento é um trem muito ligeiro.
Percorre vãos e todos os espaços.
Vai do piso ao teto, o tempo inteiro.
Faz vistoria nas paredes
e traz um monte de poeira.
É estabanado, desajeitado,
derruba cadeiras,
bate portas e janelas,
se não estão bem presas.
É o terror das faxineiras,
traz flores e folhas secas,
para dentro da casa,
e desfaz o serviço delas.
Assobia nas noites frias,
assustando a gurizada,
parece que ri das
próprias brincadeiras.
É atrevido, espoleta.
Parece um guri levado.
Pega as moças desprevenidas,
despenteia suas cabeleiras.
Na praia, pode até jogar areia
nos olhos delas.
Resseca a pele delicada,
mas o pior mesmo,
é quando faz a moça
passar uma vergonha danada.
Pois, num piscar de olhos,
ele levanta vestidos e saias,
e elas acabam mostrando
as canelas, joelhos e algo mais.
Ah, como é atrevido, esse “rapaz”!