Noite Industrial
As garotas se protegem do frio em suas jaquetas pretas
Pouca gente na rua, mas esse é o lugar
O toque especial da próxima geração que se aproxima
E guardará em contêineres os costumes adotados até então
Motins de juvenília em frente ao Hellion Pub
A noite industrial dos canos silenciosos da cidade
Cuspindo a fumaça que nos trará feijões enlatados
Entre prédios e casas de máquinas
Ruas estreitas e solitárias
Desprovidas de vida, não dão em lugar nenhum
Imensas paredes de armazéns portuários
Fios de guindastes cortando o quadro do céu
Torram sob o sol durante o dia
E à noite, iluminam o porto com suas luzes e sinalizadores
A carcaça do antigo trem municipal
Sentindo o tempo lhe cobrar os anos que se passaram,
Em títulos da dívida pública, pelo erro de existir
Rangendo as rodas nos carrosséis
E a rapaziada no Pub... Ainda está rolando um som por lá
Alguém passa e diz: "Esses caras tocam bem!"
E eu respondo: "A música está muito alta para conversar!"
Eu gosto de ir, mas costumo evitar.
E a coisa segue... Vaga de sentido
Em frente ao Pub, vejo duas sombras correrem pelos cantos
Entram em um beco, e meio que sem motivo algum
Fui me certificar de que estava tudo bem
Ao chegar na entrada do beco, percebi que não havia ninguém
Senti meus pelos se eriçarem, pele nervosa de medo
O que poderia ter sido aquilo?
Pensei.
Um senhor, morador de rua, ao que me pareceu, surgiu do nada
Não o vi descendo a rua, nem em frente ao Pub
Mas passando por trás de mim, ele disse:
O que pertence ao porto, fica no porto
Revivendo os sonhos trazidos pela segunda guerra
As sombras da cidade vagam por estas ruas
E você não tem nada a ver com isso.