O Último Trem
Tempestades mentais, desordem, confusão e euforia.
Cataclismos.
Polos invertidos,
Sonhos pervertidos,
Taras e vícios,
Atrocidades eventuais.
O que diria de mim, o último dos homens?
Se ele fosse esperto o suficiente, me mandaria para o inferno.
Oh, Meu Deus! Que diabos aconteceu com você, Charlie?!
"Neal Cassidy, Jack e suas Ferrovias."
Eu diria.
Minha opinião alterada,
Exposta e desidratada à luz do sol.
Radioatividade e flores mortas em Sobibor.
O último entardecer da América do Sul,
Descartando a relatividade do Tempo
E a rotatividade da Terra.
Imaginando vergalhões e praias solitárias
Nubladas, cinzentas, enfeitadas com poucas gaivotas,
A maré mansa do Lago de Garda,
E a estrada que seguia para Milão.
Lembranças tão tardias que não me cabem mais,
Travesseiros e lamentos de vidas já vividas.
Um sonho tentando nascer de novo a cada dia
E eu o mato a cada oportunidade que o vejo,
Porque nunca vou deixá-lo partir,
Preferindo um resultado zero e sem zelo.
Não cabe a mim, as interrogações.
Essa noite eu tive medo e receio,
Mas você veio,
E me pegou de jeito.
E não falo de uma mulher, nem de solidão.
Acho que estou me perdendo.
Considero que somos iguais.
Corujas que rondam o meu sono,
Enquanto sonho com o Porsche,
E o Porsche sonha com o James Dean.
Ausente de pretensões e saudações futuras.
Embora seja aconselhável por quem o faça.
Não faço às vezes, assim, deixo que os carros passem.
Prefiro esperar,
O ônibus vem vazio na próxima estação
E assim eu posso sentar.
Ou eu sei, ou talvez nem saiba...
Ele não vai me levar até o Lago, nem me trará os fins de tarde da América, o Porsche também não,
Nem as Ferrovias de Jack.
Todas essas coisas continuarão aí...
Envelhecidas pelos pontos incertos do globo,
Esquecidas em Devaneios,
Considerando a possibilidade de se esquecerem das coisas que foram ditas ao meu respeito.
Esperando,
no silêncio do delta de um rio,
Pelo dia, que enfim, eu envelheça também.