PARAÍSO PERDIDO
Cadavérico aglomerado urbano
Da sensibilidade que nele não mais s'encarna
Das duras horas que insistem em s'estender
E esse tempo... que não passa!
No amargo cálice da peçonha então nele mergulhada
A qu'este prazo tanto nos oferta
E que a todos obriga a tomá-lo
O sabor do inferno!
Dos lírios dos jardins nas praças e quintais que não mais s'existem
Das belas aves que já fugiram, faz tempo!
E de ambos não mais se vêem
E assim a ouvir apenas as lamúrias nos hortos da vida
A s'escutar os gemidos dos crucificados do existir
E nas ruas e avenidas das cidades...
eis que nos roubam as carteiras e demais pertences!
E nas esquinas da vida...
oh! vede que nos tiram da cara nossos sorrisos
Eis que nos roubam nossa paz!
Ai! Por que este desespero a que em noss'alma em tal grau assola?
E como ela grita... e chora!
Da felicidade a parecer, no entender do mundo,
não termos dela nenhum direito
Ou considerar um crime hediondo... neste tempo... em ser feliz
E destarte, por covardia de muitos, quantos então a ela renunciaram:
A felicidade
E a antiga lenda do reino dos céus na terra...
Ai! doce utopia!
Dela não mais então lembramos
E vivemos apenas... por viver!
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2 de junho de 2019