Em espírito

Quis dar um giro em Mercúrio

e a permissão era para Marte

amar-te como sempre

como a um mergulho transcendente.

Talvez na próxima vá para Netuno

e no retorno numa escala em Urano

me liberte desse engano

de enxergar lá em Saturno

o teu olhar em seus anéis.

Como foi tolo plantar aqui na Terra

a atmosfera sulfúrica, densa, daquela esfera

noite passada pude ver quando saí.

Rapidamente, contornei a Estrela d`Alva

me lancei para Plutão, frio e silencioso

e na volta já batendo uma saudade

conheci a tempestade quando pude

tomar à palma da mão o grande Júpiter

coisa que em casa podia não

pois não havia de vencer o perdulário,

o inconsequente, o agressivo, o prepotente,

o medroso, o inseguro, o intratável.

Inquieta, a imensa mancha vermelha

zuniu-me à orelha, mais sutil do que a notícia

e Ganimedes, flutuando no espaço

graciosa me acenava

com um sorriso de menina.