Cauterizando

cauterizando

a dor nos cantos,

e nos versos da cantiga,

a valsa leve

que enebria,

mais uma noite regada a choro,

não há nada que anestesia...

perpetua a sensação de vazio,

folego some,

repentino,

sei que a hora está chegando,

o colo da cama que me segura,

o abraço do cobertor que me sufoca,

a raiz criada e reforçada,

sinto temor dessa falsa paz demasiada...

é tanta agonia,

a esperança mal valia,

eu mal valia,

nada valia.

antes de desistir mais uma noite,

vou colocar o meu veneno entre os dedos,

tragar o futuro inexistente o máximo possível,

pra cauterizar esse nervo ferido,

exposto e perdido,

acelerar um pouco mais,

a partida desse lugar sombrio.