Lá vou eu, sempre cantando a tarde, para com ela seguir mansamente meus passos. Sim, eu canto a tarde, faço-lhe serenatas junto ao vento, colho algumas flores, que este, impetuoso, teima em desfolhar e assim, oferto-as, jogando-as pelo espaço e a tarde sorri para mim. Fica mais leve, mais doce e perfumada. Parece até que demora mais a ir de encontro ao horizonte, para que o dia descanse e amanhã volte a nos encantar. Namoro sim com a tarde, quando do campo, uma revoada de passarinhos vem comigo duetar e felizes vamos pelas horas, num canto primaveril, enfeitando o momento vespertino, que é vida aos que o observam e que pode ser noite linda, depois da alquimia de um sol já posto. A tarde traz lembranças boas, outras nem tanto, mas suas nuances de esperança pintam o caminho e enchem de paz meu coração. Sei que em algum lugar, alguém com olhos de tarde morna, também assim a fita e então somos iguais em alma. Isso basta-me para ser feliz.


Canto a tarde- sem crase - porque eu a "canto" no sentido de paquerar a nossa tarde de cada dia.
Em 26/05/19
Reedição



Interação do poeta: Francisco Luis Mendes, a quem agradeço muito.

Na tarde de todo dia
Saio a perambular
Alegremente eu sigo
Adentre aves a cantar
contemplo-a com afeto
Lá vou eu no meu trajeto
E sem pressa de voltar



 
Marilda Lavienrose
Enviado por Marilda Lavienrose em 26/05/2019
Reeditado em 31/05/2019
Código do texto: T6657253
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