Sempre sonhar
Nunca quis, sempre sonhei
Nunca quis, sempre sonhei. Sonhei estudar, sonhei trabalhar, sonhei ser feliz.
Tive escolhas, nem sempre escolhi bem. Mas sonhei um dia encontrar.
Sonhei amar, ser mulher de um homem só. Sonhei formar família e viver o “até que a morte nos separe.”
Sonhei ter uma profissão. Eu a tive. Sonhei ser a melhor profissional. Não sei se fui. Mas fui verdadeira, fui honesta e determinada.
Sonhei abraçar o mundo. Vi que ele era grande demais. Minha envergadura não comportava tanto. Diminui a braçada e a meta. Consegui algo a mais.
No sonho do amor para sempre, tornei-me coadjuvante. Vi que muitos encenam um ato de amor, os outros de discórdia. Muitos, ficção. O final de cena é desconfortante e desencorajador.
Então, aceitei minha obra inacabada. O final do filme não escolhemos, vi que não controlamos nosso destino. Podemos sim ter escolhas, porém o fim é mistério.
Sonhei, sonhei, e continuo sonhando. Sonhando junto e sozinha, sonho. Sem sombras. Consciente e lúcida.
Sonho. E quem sonha projeta, determina-se e aí acontece. Eu creio.