Corre tempo preguiçoso na correia da vida. Vai deslizando e vendo passar os canarinhos que refletem seu brilho amarelo, nesse sol reluzente e quente do outono-inverno. Traz esse soar gostoso do passarinho que brinca de esconde-esconde nas árvores que seguem como inspiração para obra prima dos pincéis livres nas mãos de um artista. Corre tempo, pra ver o trem passar ligeiro, certeiro, “no prego”. Corre pra ver a flor desabrochar de mansinho como quem desnuda o corpo em doses homeopáticas. Corre pra ver o beija-flor flor se encontrar com a amada (flor) e tocá-la com seu bico dourado. Olha, vem voando uma borboleta que dá tom ao céu, numa policromia perfeita, veja de novo, são várias trazendo a metamorfose em si, tão necessária. Corre lá pra esperar o gato preto manso, misterioso, fitando pro inconsciente como se fosse lição dada, no seu olhar, Esmeralda... Pica-pau forasteiro, partiu primeiro, não quis fixar-se, quem quereria? Ah, tempo... Para logo essa correia porque preciso fotografar essa imagem! - Um tucano! Oh! Ano a ano e a correia vai se moldando (se esvaindo) com as voltas que o mundo dá, até cumprir sua última. Roda, roda, roda vida... Roda viva! Roda e viva! Roda, Roda, viva!