"OURO" LÍQUIDO

A estrada era infindável...

Sol escaldante, boca seca,

Olhar turvo cansaço absoluto.

Ouro líquido era desejo.

Tal e qual a paixão dum beijo

De um romance impoluto.

As pernas trêmulas em cada passo,

De um lado, as pedras “acenavam”,

Do outro, um descampado escasso.

O chão pesado era pó

A garganta dava um nó

E eu ali, só.

Suor magistral

Era puro sal!

Encostei os lábios...

E desmaiei.

E quando me acordei,

As nuvens deram sinal...

Mas no final,

Secou!

Após dois dias andando...

Minha boca era um deserto

Então lembrei por certo

De todos os momentos

Em que sem quaisquer sentimentos

Desperdicei um bem tão precioso

E tão valoroso,

Mas que pensei

Nunca acabar.

E nesta estrada

Que tanto andei,

Não mais encontrei

O que desperdicei.

A água, o ouro líquido,

Que hoje, tanto desejei.

Ênio Azevedo.

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 24/05/2019
Código do texto: T6655195
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