Expectativas

Eu tomei um porre de expectativas na noite passada

Bolei planos, conversas, passeios, viagens iradas

A gente viu a lua, as estrelas, tomou banho de chuva, caminhou por horas em uma estrada iluminada

Ah, eu acordei tão feliz, tão cheia de nós, com uma segurança sem fim

Talvez permanecesse embriagada

E quando abri os olhos, abri as janelas e as luzes tocaram em minha cara

Fiquei tonta com a realidade, com a clareza que lá fora estava

Tudo era tão nítido, tão palpável, tão visível, que cheguei a pensar que na noite anterior cega eu estava

Todas as garrafas de expectativas estavam espalhadas no chão

Dor de cabeça, tremor, suor, meus pés nem tocavam o chão

O estômago embrulhado, o peito apertado, tudo girava como se fosse peão

Mas era só a verdade, desfilando diante dos meus olhos, gerando ânsia de colocar minhas idealizações pra fora

Realmente, dentro de mim brigavam violentamente, disputando o poder o real e a fantasia, dentro de mim só uma poderia continuar a viver

No fim do dia, a realidade nua e crua ri pois em paz prevalece, quieta dentro de mim adormece, me mostrando que contra a verdade nada há de prevalecer

Sóbria, vejo que a tempos eu vinha me embriagando sozinha, vivendo fantasias que eram só minhas

Você, sentado à mesa me fazia companhia, mas as doses que te oferecia nunca chegou a beber