"Conversando com a morte..."

Já havíamos sido apresentados antes, mas aquela situação era no mínimo intrigante, porque a iniciativa não foi minha, era fim de tarde e percebi que a chuva em breve vinha (...) Das outras vezes, na primeira “palavra” entre o silêncio e o de repente... o calafrio era subversivo e medo acontecia sem “qualquer” aviso, apenas uma vez não senti frio, mas talvez seja apenas porque à morte enfim, sorriu (...) Contrariando as estatísticas foi além, me perguntou se eu estava bem e com tempo, e se não incomodaria, que ironia. Não fui indelicado, concedi um espaço bem ao meu lado, mas não peguei em sua mão... não vou mentir tive alguns fragmentos de receio, afinal só fui avisado no minuto derradeiro. Em tons de “sarcasmo” eminente, me perguntou se eu já havia visto alguma morte decente, mas corrigiu... na verdade queria dizer, se eu já havia visto alguém “morrer” decentemente, pelo que entendi nesse enredo surreal, a morte estava bem confusa com seu formato “incondicional”, desde do princípio foi forjada entre a certeza e o ainda não conhecido, quem já viu voltar à vida um amigo? E porque não se deseja a morte ao pior inimigo? Estamos conversando aqui, acha que sou realmente algo que represente perigo? Vocês jamais me viram “chorar”, porém, já chorei por alguém. Era 1966, passavam um pouquinho das seis, passei minha túnica clássica, tomei meu café tranquilamente sem pressa, mais um dia que se iniciava, escovei meus dentes, tirei a neve que cobria o sapateiro... e peguei minhas botas de couro “sem cheiro”, fui caminhando tranquilamente “Não ria...” contemplando a vida, umas três quadras depois, muitas vozes descontinuadas , sirenes próximo a rodovia... tragédia anunciada, acho que faltava apenas a minha “presença”, espalhada pelo chão estava toda crença... todos os sonhos, e o sangue da pequena “Florença”, seus pequenos olhos azuis eu não veria mais, nem o doce sorriso que todo fim de tarde me fazia “ousar” olhar para trás. Um carro desgovernado, um rapaz “sem” culpa, foi o suficiente para o destino, o mais pior os “ladinos”.... me usar como instrumento para aquele triste momento, nesse dia eu “ouvi” que a morte não tem coração, por isso chorei e fiquei triste então (...)

(...) A dor tem duas fazes, quando começa e quando termina, para os outros dias, apenas morfina.

JLuis in Verve
Enviado por JLuis in Verve em 21/05/2019
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