Colina Verde...
E eu que não vi as cores que haviam nas paredes deste quarto vazio.
E aquela canção que se repetia incessantemente na vitrola...
Ninguém percebe que este disco está furado?
Este som vem propositalmente pra ferir meus tímpanos e consumir minha alma doentia.
Tenho um grito calado dentro desta insanidade de poeta sem voz, sem vontade, sem vida.
Tenho uma espada imaginária cravada no peito,
mas o sangue que escorre é vermelho luz e mancha minha roupa nova.
Camisa de força, presente dos vivos, ganhado sob risos e abraços diante de minhas lágrimas de desespero.
Vou pedir aos anjos de asas douradas que levem daqui este poema lânguido de choro chuvoso
Vou libertar os raios que abrem erosões dentro dos meus olhos insones.
Vou jogar versos nos ventos do sul pra não mais ver os papéis amarelados dentro das caixas no sótão da loucura.
Por Deus, desatem os nós que prendem meus pulsos
na frieza destes ferros !
Eu quero uma janela aqui pra poder olhar pro céu e ver nuvens dançando!
Quero simplesmente viver a canção de ninar que me cantaram na infância, caminhando livremente pelas colinas verdes...
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Labirinto de corredores estreitos, mórbidos e frios.
Paredes feitas de gelo, pintadas em cores de pesadelos.
Muralhas que escondem sorrisos e sonhos
por trás de semblantes de medo e aflição.
Hoje, este poema chegou dentro das lembranças de um tempo em que eu ía visitar quem eu amo num lugar chamado...
Hospital Psiquiátrico Colina Verde.
A música ainda me lembro, a sensação também.
A pessoa está bem, sadia e feliz.
O hospital, não existe mais... Graças a Deus !