"Severinamente"
Severamente, “severinamente”, a gente vive.
Os dias passando devagar, o tempo rindo de nossa desgraça.
Cada hora ou minuto resistido é uma batalha que vencemos.
O mormaço chicoteando nossas feridas.
O azedume na língua, a sede cortante vem lembrar que a morte ronda, passeia no meio dos galhos secos, pastora e espera a hora de chegar.
O vento passou por aqui fazendo redemoinhos com a poeira seca das estradas de barro.
O sol, se em algum canto é desejado, neste lugar ele maltrata sem piedade, mostra todo seu poder no lombo das criaturas.
Nos olhos dos viventes, a água que falta enche os olhos, clama por vida.
Os corpos ossudos se arrastam, brigam para continuar em pé, valentes até quando já não há mais esperança.
O que resta é aceitar a vontade daquele que criou tudo.
Quem sabe rezar por um milagre.
E pelejar por essa existência.
De lutas diárias
Escassas vitórias.