Obrigado Vovó

Saudade da senhora vovó. Arrancaste de mim os sorrisos mais sinceros, e me deste os melhores abraços. Sinto falta do seu cheiro, e do cheiro sistemático do seu café, todo dia às 16:00, com torradas e manteiga.

O seu teclado também sente a tua falta, afinal, ninguém que ali botaste as mãos, tivera a habilidade de lhe tirar as mais belas melodias eruditas, a não ser você. Sempre a noite, da casa ao lado onde moro, do meu quarto eu escutava: "Noite Feliz", a tocata que me tocava o coração. E assim como Jesus, eu também dormia em paz.

Mãe, Avó, Bibliotecária, Escritora, Tecladista, Cantora e por ai vai. A senhora era tudo e mais um pouco, era tudo que queria ser. Metida até a poliglota, quem diria...

"mon amuor" pros íntimos, e nas confirmações: "yes, my dear".

Trabalhadeira, cheia de vigor, sempre pra lá e pra cá. Eu olhava com ternura aquele seu andar ligeiro e cambotinho, com passos quase tropeços. A senhora sempre quis fazer tudo, resolvia tudo. Uma heroína do lar.

Mãe de quadrigêmeos homens e mais quatro mulheres. Mesmo com a desventura de perder o vovô, se manteve firme, criou oito filhos sozinha. Uma guerreira!

Mulher de fé inabalável, sempre falando de Cristo, e com o evangelho me educara. Nas minhas murmurações me advertia: "- Filho, não diga isso. Mas em tudo dai graças." Sempre alegre, sempre sorrindo, dificilmente se aborrecia. No lugar dos palavrões: "- Glória a Deus!" a senhora dizia.

Vaidosa, sempre perfumada. Batom nos lábios e tinta nos cabelos. Sua pele alva, já enrugada e os cabelos brancos que a senhora insistia em pintar, eram sinais da experiência e memória de tantos anos já vividos.

Graças a senhora vovó, hoje sou rico. Rico de ensinamentos e boas lembranças. E mesmo se eu passasse três dias escrevendo, não conseguiria descreve-la por inteiro. As palavras não conseguem limitar você. Sempre me lembrarei das lições valiosas e deste seu olhar compreensivo, doce e sereno.

Te amo, e pra sempre te amarei vovó. Dorcas Bomtempo Ameno.