O naufrágio das palavras de amor
Aspirei palavras de amor ao vento, que trazia também a leveza da brisa suave, numa tempestade de sentimentos intensa. Juntei-me à elas, num cesto de flores, para ofertar ao mar. Profunda e infinita eram as sensações que trazia como espectro para oblação. Foram elas se incorporando, de mansinho, àquelas ondas. Ao passo que, não suportava a sensação de frio e a insegurança daquele infinito tão particular. O mar estava calmo e seu sussurro terno, em forma de água cristalina com fundo azulado, era espalhado, transmitindo uma sensação de paz, quando encontrava seu parceiro perfeito, o vento, com quem se unia numa respiração uníssona. Queria brincar de encontrar palavras enquanto as águas faziam o seu papel de transportar o corpo de forma sublime, mas elas foram se perdendo, e as perdi de vista. Nadei contra a maré, na tentativa de resgatar alguma desavisada, afogando as mágoas num copo de plástico perdido por uma criança que fazia castelos e enterrava pessoas na areia. E não é que boiei? Quantos castelos construí pensando em ter uma real satisfação? Quantos enterrei em vida e na morte. Tentei encotrar a saudade, depois a despedida, mas no raso, só encontrei a tristeza, nadando de costas. Tentei virá-la, mas adormeceu. Mais adiante, um casal fazia declarações de amor, presos por uma das mãos, ela ia e ele a puxava num beijo, talvez não soubesse nadar, constatei pelo medo de se soltar dela. E naquela imagem via as vezes que fiquei segurando a corda, enquanto alguém puxava, ao contrário, até que rompia bruscamente, e a palavras coragem e animosidade vieram ao meu encontro como presente, as recolhi, mesmo encharcadas. Nadei mais profundo e dei de cara com uma vegetação estonteante, limpa, original e um cardume tão diferente, lá não encontrei nenhuma palavra, e já tinha a tese para justificativa: a onda dos amores rasos fez naufragar as palavras de amor verdadeiras. Voltei para a areia, e de lá vi tantas palavras em fuga, até fiz um esforço, mas percebi que palavras não sustentavam mais nada, já haviam se perdido, eram os atos, os grandes responsáveis. Peguei o cesto, ainda vazio, apenas coragem e animosidade estavam ali impregnadas, caminhei pela orla. Enquanto caminhava, o mar fazia cócegas nas canelas, como se fizesse um convite, venha ser feliz nos meus braços, deixe-me levá-la para o infinto, no mesmo instante, a areia me prendia ao chão, e sob sorrisos solitários para a imensidão do mar, fui até onde não mais se agitava. Sentei numa pedra e vi pequenos lagos azuis intensos, de onde pulavam peixes de todos os jeitos e cores, alguns trombavam, outros caiam fora d’água. Não tinham palavras por lá, nem precisariam, pois eles não ficavam na inércia.
E lá vou eu cair no mar de novo, agora sem a ilusão, de encontrar nele, mesmo profundo e infinito, palavras de amor, pois elas foram colocadas. O meu mar está em mim, vou conduzindo-o. O mar, amar. Há mar, no amar.
Aspirei palavras de amor ao vento, que trazia também a leveza da brisa suave, numa tempestade de sentimentos intensa. Juntei-me à elas, num cesto de flores, para ofertar ao mar. Profunda e infinita eram as sensações que trazia como espectro para oblação. Foram elas se incorporando, de mansinho, àquelas ondas. Ao passo que, não suportava a sensação de frio e a insegurança daquele infinito tão particular. O mar estava calmo e seu sussurro terno, em forma de água cristalina com fundo azulado, era espalhado, transmitindo uma sensação de paz, quando encontrava seu parceiro perfeito, o vento, com quem se unia numa respiração uníssona. Queria brincar de encontrar palavras enquanto as águas faziam o seu papel de transportar o corpo de forma sublime, mas elas foram se perdendo, e as perdi de vista. Nadei contra a maré, na tentativa de resgatar alguma desavisada, afogando as mágoas num copo de plástico perdido por uma criança que fazia castelos e enterrava pessoas na areia. E não é que boiei? Quantos castelos construí pensando em ter uma real satisfação? Quantos enterrei em vida e na morte. Tentei encotrar a saudade, depois a despedida, mas no raso, só encontrei a tristeza, nadando de costas. Tentei virá-la, mas adormeceu. Mais adiante, um casal fazia declarações de amor, presos por uma das mãos, ela ia e ele a puxava num beijo, talvez não soubesse nadar, constatei pelo medo de se soltar dela. E naquela imagem via as vezes que fiquei segurando a corda, enquanto alguém puxava, ao contrário, até que rompia bruscamente, e a palavras coragem e animosidade vieram ao meu encontro como presente, as recolhi, mesmo encharcadas. Nadei mais profundo e dei de cara com uma vegetação estonteante, limpa, original e um cardume tão diferente, lá não encontrei nenhuma palavra, e já tinha a tese para justificativa: a onda dos amores rasos fez naufragar as palavras de amor verdadeiras. Voltei para a areia, e de lá vi tantas palavras em fuga, até fiz um esforço, mas percebi que palavras não sustentavam mais nada, já haviam se perdido, eram os atos, os grandes responsáveis. Peguei o cesto, ainda vazio, apenas coragem e animosidade estavam ali impregnadas, caminhei pela orla. Enquanto caminhava, o mar fazia cócegas nas canelas, como se fizesse um convite, venha ser feliz nos meus braços, deixe-me levá-la para o infinto, no mesmo instante, a areia me prendia ao chão, e sob sorrisos solitários para a imensidão do mar, fui até onde não mais se agitava. Sentei numa pedra e vi pequenos lagos azuis intensos, de onde pulavam peixes de todos os jeitos e cores, alguns trombavam, outros caiam fora d’água. Não tinham palavras por lá, nem precisariam, pois eles não ficavam na inércia.
E lá vou eu cair no mar de novo, agora sem a ilusão, de encontrar nele, mesmo profundo e infinito, palavras de amor, pois elas foram colocadas. O meu mar está em mim, vou conduzindo-o. O mar, amar. Há mar, no amar.