Depois da Guerra 19
Ao certo, George Ivanovich Gurdjieff, sabia da necessidade primeira de domar o ego. Teria encontrado o método para inverter os pólos, tirando o ego de provedor do alimento envenenado à Alma, passando-o à natureza domesticada.
O belo não seria suplantar, suprimir, reprimir o ego, mas torná-lo “orquestrável” pela Alma.
Levá-la ao lugar de origem pela inteligência superior humana, autora da execução da Suprema Canção, vida, que depois de conhecer meticulosamente a forma de lidar consigo mesma, tornaria apta a tocar a música da criação, seria capaz de utilizar o Instrumento de trabalho, ego, com toda sua parafernália, aquela mente conhecida pela psicologia ocidental, composta de emoções e pensamentos, percepção, sensação, todos os canais dos sentidos, consagrando a Alma na condição de Filha de Deus, íntima Dele, à serviço da grande Obra.
O sábio peregrinou. Da Armênia, depois de suas aventuras pelo velho mundo, viveu na busca da disseminação de suas verdades.
Da Rússia, residiu na Turquia. Para sair da ambientação de Guerra, foi para França, estabelecendo na Europa e EUA seu lugar, auxiliando tantos virem à tona, emergirem da escuridão, superficialidade caótica do mundo, que leva o Imperecível Ser ficar aprisionado nas correntes do instinto animal do homem, e por ele, apartado da existência.
Morreu insatisfeito com o resultado do trabalho, dizendo que a humanidade insistia em manter-se no sono, sem saber quem era. Zumbis que até hoje são vistos cada vez mais crescentes em número.
Quisera que fora no hoje! Para que esta que proseia partilhasse da presença dele pelos ouvidos, sentisse-o de nariz a nariz, olho no olho, para realizar o depoimento!
Diria, que pelas palavras que nesta prosa traz ele, se sente honrada de dar voz ao silêncio dos mistérios, que ele auxiliou no elo que coroou o futuro da humanidade de esperança, na expectativa do surgimento do novo homem, aquele liberto de si mesmo, unido à vontade genuína de sentir Deus, tornar íntimo dele, religado pelo coração com a Fonte Primeira!
Do Egito à Mesopotâmia, Nazaré e Constantinopla, Índia e Tibet, a ciranda das Religiões em torno da verdade primeira é nitida.
O conhece-te a ti mesmo dos Gregos, A Poesia superior que desenha Deus dos Vedas, A União com Deus pelo coração dos Sufis. Jesus cristo, o derradeiro e definitivo que deixou nas entranhas da humanidade a possibilidade facilitada de realizar a dinâmica do amor incondicional entre Deus e os homens, técnica que nos leva pelo caminho indireto a nossa própria essência.
E o ponto de fricção, tensão essencial, parecida ao quê que faz a luz ser acesa, o motor ser acionado, a rotação ser iniciada para a ligação com Deus. Há necessidade do caminho ser trilhado pelo serviço.
Não há trabalho com satisfação sem atender à vocação, e a entrega do Ser a Deus. E quando captamos que somos Deus em Essência, e obra Dele para ser realizada, por nós e em nós, não existe enfado na labuta, tristeza, solidão, querer além do que somos, e muito menos querermos ser recompensados.
À Gurdjieff, e a todos os trabalhadores que precederam na execução do serviço no caminho espiritual na Terra, como forma de consolo, unindo a eles no aprendizado, deixaria como alento a advertência quanto a necessidade de sempre deixar desperto na consciência a união da finalidade do trabalho ao meio, que é tão somente o desejo de trabalhar para servir à Grande Obra, buscando agradar a Deus, rumo ao perfeito, que somente Deus tem conhecimento.
Como reflexão no dia que comemora o do Trabalho, fica a parábola deixada pelo Mestre Jesus Cristo, que traz em si a necessidade da entrega incondicional a Deus aquilo que realizamos.
No Reino dos Céus, o tratamento é retributivo e igual para todas as Almas:
"Pois o reino dos céus é semelhante a um proprietário que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Feito com os trabalhadores o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Tendo saído cerca da hora terceira, viu estarem outros na praça desocupados e disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha e vos darei o que for justo. Eles foram. Saiu outra vez cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo. Cerca da undécima, saiu e achou outros que lá estavam e perguntou-lhes: Por que estais aqui todo o dia desocupados. Responderam-lhe: Porque ninguém nos assalariou. Disse-lhes: Ide também vós para a minha vinha. À tarde disse o dono da vinha ao seu administrador: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos e acabando pelos primeiros. Tendo chegado os que tinham sido assalariados cerca da undécima hora, receberam um denário cada um. Vindo os primeiros, pensavam que haviam de receber mais; porém receberam igualmente um denário cada um. Ao receberem-no, murmuravam contra o proprietário, alegando: Estes últimos trabalharam somente uma hora e os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor extremo. Mas o proprietário disse a um deles: Meu amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te embora; pois quero dar a este último tanto como a ti. Não me é lícito fazer o que me apraz do que é meu? Acaso o teu olho é mau, porque eu sou bom. Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos."