Sobre uma dor secular (ou como vencer o desprezo do Outro)
Você me pergunta onde repousa minha dor? Eu lhe digo: ela não repousa. Eu luto cada dia para ser quem sou. Suportar cada olhar. Cada risadinha. Cada desvio de direção só para não ter que me ver... Eu luto para respirar o mesmo ar, no mesmo recinto, onde se naturalizam essas manifestações. Dirão tratar-se de exageros meus. Eu sei... minha dor é exagerada, como a dor do chicote nas costas dos meus ancestrais. Minha dor é exagerada? Mas ela não repousa; ela me fortalece.