Viver é aprimorar-se

Nas ampulhetas o deserto se forma no cair das areias e acima fica o vazio. Essa é a ação do tempo, que esvazia e desertifica tudo nas emoções. Visões se ornamentam de crepúsculos para que na noite tenham esperanças, todas as pessoas que necessitam de descanso.

O travesseiro é afagado por faces, até que desponte o dilúculo de cada dia. Vida são luz e movimento e envelhecimento.

Há quem viva de idolatrias materiais, cultuando lustres em infinita beleza, e esquecendo o próprio brilho. De nada serve a carruagem encantada das ilusões, se a estrada para todos tem um fim.

A diferença que em alguns fins, tem morada em outros apenas escombros ou até mesmo projeto para que se faça a morada. Porque viver é aprimorar-se e fazer por merecer. A cada um, é dada a oportunidade de se lapidar em suas rústicas pedras e no fim exaltar o fulgor escondido.

Cactos são vestidos de espinhos, mas oferecem água pura. Pessoas são vestidas de egoísmo e covardia em muitas situações, mas podem por si só, reconhecerem, que auroras despontam para brincar, mais tarde aprender e trabalhar e diante de obras concretizadas, observar os arrebóis indo buscar a noite para se entregarem ao descanso merecido. A vida ensina que as descobertas mais valiosas provêm das coisas pueris e às vezes da provação das dores. A complexidade só existe se a simplicidade se mostrar primariamente. Caso contrário é edifício sem alicerce.

Grato pela bela interação do poeta JACÓ FILHO

VIVER POR AMOR

Amar é semear vidas, perdido em lucidez.

Sentires incontidos que brotando da alma.

É chama flamejante, nas cores mais alvas,

Dum ser que se doa pra doce embriaguez.

Carecemos de luz na grande incumbência,

Evitando desejos ocos apertando no peito,

A paixão tem poder, com todos os efeitos,

Que matam requintes, de nossa inocência.

Cultivando afinidades a magia é presente.

Assumindo ritos com o amor em primeiro,

Sem fazer da vida, seu simples tabuleiro.

O universo conspira pra manter contente,

Gerando impulsos, que nos fazem oleiros,

Assumindo a prole, tal pastor e cordeiros