A praça

Ah! Aquela Praça!...

lugar onde todos ficam,

os bancos onde pode-se acomodar,

o ambiente às vezes acolhedor

bate papo amigo, também descontraído,

num banco, a moça estava em planto,

aí reparou no homem que estava ao lado,

tentou explicar que o viver pra ela era desanimador,

-- desculpe, moço, mas esta droga de minha vida,

que nestes longos dezoito anos, pra mim não tem valor!...

desculpe minha insatisfação, de não ver belezas

nem aqui nesta praça nem nestas flores,

nem nos pássaros cantadores, em nada eu vejo cor,

queria viajar pelo mundo, lugares de muito glamour,

tive esta oportunidade, de seguir longos dias numa excursão,

meu pai, empresário de muito dinheiro, me negou esta emoção,

me negou a mesada dizendo que minha vida aqui era necessária,

empenhar-se nos estudos, com a máxima dedicação,

não tenho motivo pra viver se pudesse até me mataria!...

depois destes lamentos todos, a moça repara e vê que o moço era cego,

--- diz, assustada: mas você!...

--- sim, sou cego, estou apenas esperando o meu guia,

pra seguir nesta minha vida, a qual não considero droga,

viver pra mim não é um tormento, pois me foi concedido outros dons,

nos meus passeios da manhã, sinto a brisa, o calor do sol, imagino-o magnífico,

respiro e defino os aromas dos vegetais, das flores consigo sentir suas belezas,

das pessoas costumo definir alegrias, revoltas incontidas como as tuas,

queria incutir-lhe a felicidade que pode ser imensa em viver,

tirar-lhe esta mágoa, trazendo-lhe a vontade de morrer!

E naquele instante o vigia chega, e o cego segue seu caminho...

A moça o segue até perder de vista, a mensagem lhe foi dada,

o seu viver lhe poderá ser por demais maravilhoso

depois que ela sentiu naqueles momentos passados naquela praça

ela viu concluiu conscientemente que na verdade ela era cega

uma terrível cegueira jogando fora as belezas que estavam aqui

nos caminhos quantas belíssimas flores ela insistia em não colher

depois daquela lição aquela jovem teve novamente a ânsia em viver.