HOJE
Hoje cortarei os teus jardins
Que me crescem por cima das heras.
Destruirei tudo aquilo
Que não me foi dado por gentilezas tuas.
Se procurei teu sorriso nos quintais
E não o encontrei,
Por que cultivar as cores que deixaste
Ao partir sem espantos e sem encantos?
Hoje destruirei os teus jardins
Que me cresceram para além do teu vazio.
Deixarei as pétalas mortas
Para serem sufocadas pelas heras,
Entre as heras,
Em favor das heras.
E, no ponto distante em que te encontras,
Saberás que o silêncio que deixaste
Não é sinônimo da paz que quero para ti.
Destruirei teus jardins,
Entre gritos, canções e lamentos,
Pois teu bater de asas é ferida...
Teu bater de asas foi canção dolente
Que só rima com a aridez de meus quintais
Hoje contradirei teus dizeres fugazes
E me deixarei morrer pelas heras,
Entre as heras,
Em favor das heras
Paulo Pazz