A VONTADE DA EXISTÊNCIA (PROSA)

Pois que o Homem será extinto da face do Universo, luz que se apaga deixando rastro de nada no vácuo, não sobrarão vasos de civilização antiga; tambores e violinos silenciam entre as estrelas - o Cosmos em expansão, esse vilão além das eras e do tempo um dia desabará sua escuridão sobre constelações trazendo mares de fogo e chuva de pedras - Ah meus caros!

O poeta vê nuvens se desfazendo em sangue, enquanto as crianças queimam qual cinza ao vento, neste instante as verdades se desfazem - mera dança de prótons em onda e partícula; há os que celebram: resolvem viver uma vida num piscar de olhos, sorvendo o vinho e o prazer, comamos e bebamos pois amanhã morreremos! Nademos nas águas do perigo e volúpia!

Uma vida é um grão de areia na eternidade, muitos se prostram em frente aos totens rumo a bênção dos xamãs além deste mundo visível! Sejai virtuosos meus caros amigos - além deste vale de dor e fel, há terras que manam leite e prazeres sem fim!

Tudo depende da lente em frente aos olhos, aos critérios para a arte e o conhecimento - o fato é que o poder embriaga e multila, a vaidade e a dor cegam essas nossas mentes! Bandidos trocam de lugar com reis! Os inocentes são ditos culpados da escravidão!

No fim - o derradeiro passo apenas o que resta; a lágrima num momento de dor e conforto, o passo desajeitado num instante de coragem, a palavra dita no momento certo: por que tudo nasce e morre e retorna, na vontade constante que impulsiona a Existência…