ÂNCORA DA ILHA
Arrombarei as portas do edifício maltrapilho da extinta Livraria Âncora, que sequer conheci. Quero encontrar nos escarros e excrementos do tempo - cintilante entre o pó e lantejoulas - um presente para o meu bem. Arruaçarei os compêndios jurídicos mofados e colocarei fogo nas obras-primas da Fundação Ceciliano Abel de Almeida. Pagarei com rosas de ouro e brincos de cristais a dívida contraída e direi aos bons amigos que o café de lá era da melhor qualidade. Comprarei um embrulho de escamas e um detalhe adesivo em que confessarei todo o meu amor. Meus lábios sorrirão quando o meu bem descascar o melhor da terra capixaba e, logo em seguida, selar-me com um beijo de Sulamita.
O soneto de Narciso Araújo será a prova rosicler do quanto vale uma fração de segundo.