O MENINO E A JANGADA

Quando menino com tronco de bananeira

unidos por uma taquara fazia uma jangada

e com ela deslizava pelo córrego represado

que passava ao lado da sede da fazenda.

As águas límpidas vindas de uma nascente acima

uma parte d'agua fora desviada do caminho da cachoeira

que despejava suas águas no vale ao fundo do pomar.

um córrego de águas claras foi direcionado ao fundo da casa

Ao lado da cozinha e da entrada do pomar foi represado

para atender às necessidades da sede da fazenda para

alimentar o carneiro para abastecer a caixa d' água,

mover o moinho e o gerador de eletricidade lá no vale abaixo.

Como a água não não era tão abundante utilizada se comportas

para conforme necessidade utilizar a água represada aí depois

seguia seu curso saltando obstáculos e automaticamente servindo

ao tanque de lavagem da mandioca, ao monjolo trabalhador incansável!

Antes de juntar se novamente a sua metade lá na grota seguia

seu curso pelo abaixo do velho paiol saciando os animais

no mangueiro e seguia serpenteando entre a horta e plantações

assim a água cumpria sua função vital e esplendor no dia a dia.

Hoje o menino lá voltou e triste viu ... a água agora escorre timidamente ...

por entre o matagal que acabou com o pomar e avançou pelos arredores

resta ainda de pé a sede que ainda resiste ao tempo ...cercada de mato

outrora era só alegria e movimentação mantinha o estilo colonial da época.

Em lugar dos cafezais, das plantações de arroz e do curral

da movimentação do gado leiteiro, do velho carro de boi...

O que se vê são lotes de pastagens com gado confinado

com ar de tristeza espera a hora de ir para serem abatidos.

O João de barro já não tem mais a sua morada no velho ipê.

A porteira ao lado da frondosa árvore nem sinal deixou...

As portas e janelas corroídas pelo tempo ainda resiste ao tempo.

Até o morro da onça não se vê mais, um muro eucaliptais o esconde!

O menino da jangada que foi para a cidade grande, ia ser padre mas desistiu...

tornou se professor, casou...casou... e re-casou-se ...e para seus filhos

sua estória conta... mas sua jangada nunca mais singrou por aquele córrego,

mas muitas aventuras e estórias ainda contando para seus amigos.

Daquela casa e lugar, além de boas e muitas lembranças ainda guarda

em fotos e memórias ... e dos porões que ainda encarcera segredos

e fantasmas solitários ...sua chave recebeu do primo de recordação...

e do alicerce secular um tijolo trouxe de sua visita, pra se guardar de lembrança!

Príncipe Estelar

Fevereiro-2019 e.v.

Obs. Singrar = velejar, remar, escorregar sobre água.

Carneiro = máquina de elevar água .

Nota:

Quase três décadas depois o menino retorna à fazenda onde passou sua infância e parte da adolescência.

A fazenda foi vendida pelos herdeiros logo depois da morte dos avós materno.

O córrego represado se perdeu no matagal e onde havia o represamento e as comportas não existe mais nem vestígios.

O monjolo e seu barracão de madeira também foi abaixo assim como o paiol e o curral não deixou marcas.

Nada mais há a não ser o casarão fechado com as portas e janelas em deterioração as portas dos dois porões estão apenas encostadas e escoaradas. Uma das chaves, a que guardo hoje comigo foi esquecida por lá., ainda estava na fechadura.

Do pomar nada mais existe, três alqueires coberto por mato.

Algumas mangueiras ainda estão de pé além de alguns coqueiros pelo nos um secular.

Das muralhas de pedra construídas por escravos foram tombadas não existindo senão pedras sobre pedras. Assim como as valas que até década de 50 ainda existia como obstáculos para animais se foi no tempo e no meio ao matagal