Ponto de interrogação ou final ?
Na alvura da lauda, o nada de mim recitando a poesia sem métrica encerrada num silêncio denso. Venho pelas estradas abandonadas colhendo distâncias. Pincéis sem tinta deslizam na tela da vida e sonham as cores perfeitas para ornamentar os desejos.
Estes por si só, se rabiscam em devaneios e deixam pegadas na areia da praia vazia de mar.
Escorro tal qual chuva que desce límpida, mas que por consequência, vira enxurrada suja, indo para os bueiros da melancolia.
A tarde vai se esticando até se arrebentar e ser impelida para o escuro da noite. Sombras de rostos marcados por réstias de luar, contam histórias de si mesmo mirando-se sem direção exata.
Perco-me nos mistérios emaranhados nas entrelinhas das recordações.
É como, após muito tempo, arrumar a cama bagunçada depois da última vez. Mas arrumar para quê, se você, que junto comigo foi sempre tão desorganizada, não vem me ajudar a desarrumar de novo?