Viver poeticamente
Conheci um velho poeta
de asas voadas.
Eu já te falei sobre ele?
Ah! o velho poeta não anota mais nada;
porque já não precisa.
Ele apenas contempla e deixa passar.
Ele aposentou sua caneta,
seu caderno de notas;
libertou todas as palavras.
Agora ele demora o olhar no
voar dos pássaros sob o céu azul,
e ele próprio se torna os pássaros
a voar sob céu azul;
ele e o por do sol
e as manhãs raiadas são um só,
O velho poeta não precisa anotar
mais nada.
Porque ele já compreendeu o sentido,
transcendeu a palavra.
Ele contem e está contido;
não há mais distância
entre intenção e gesto.
Ele se tornou seu próprio poema.