VAI E VEM

Numa região bucólica, num tempo longínquo,

Num povoado meio visionário,

Pelas bandas dos esclarecidos,

Onde a escrita ainda não havia,

E a leitura era feita através do olhar.

Nesse povoado vivia Justino,

Um menino criado pelo avô,

Um senhor humilde, simples e de uma sabedoria invejável para o lugar.

Seu nome era Anacleto.

Um ancião de barba branca, cabeça pelada, dentes amarelos e olhar cansado.

Naquele povoado, o cerrote, como é conhecido por nós,

Essa ferramenta tão útil nos lares da zona rural,

Era chamado de vai e vem, devido ao modo do seu manuseio.

Havia naquele lusco fusco povoado um proprietário de chácara,

Belarmino de Albuquerque, homem novo, desprovido de medo,

Arrogante, o “sabe tudo” do lugar,

Com hábitos ruins, tais como: emprestar dinheiro e não pagar.

Emprestar ferramentas e não as devolver, e assim por diante.

Um certo dia, Belarmino apareceu na casa do seu Anacleto

E pediu o vai e vem (cerrote) emprestado a Justino que brincava no terreiro empoeirado.

Justino se levantou, bateu a poeira da roupa,

Foi em direção a seu avô que estava descansando e lhe deu a mensagem de Belarmino.

Seu Anacleto chamou Justino para bem pertinho de si e disse ao neto:

- Fala para o senhor Belarmino o que vovô vai lhe dizer.

- Sim vovô, respondeu o menino.

- Então diga a ele, replicou o vovô

‘Se vai e vem fosse e viesse,

Vai e vem ia,

Mas como vai

Vai e não vem

Vai e vem

Não vai.’

Justino partiu para o terreiro em direção à Belarmino comunicar-lhe a mensagem.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 09/04/2019
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T6619504
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