O PRIMEIRO DIA DE ABRIL
Um dia lendário, folclórico, real.
Seria surreal e até desleal
Não pensar hoje em uma mentira:
Não de mal gosto, ou que fira,
Mas que provoque risada,
Assim emancipada, de graça, leal!
Um dia também de poesia, pois, todavia,
Mentira e poesia vão além do natural.
Seria fundamental aproveitar o subentendido
E destemido, dizer pra mulher que me encanta
Um ‘Eu te amo!’, mesmo sem certeza tanta.
Nesta ousada proeza, vendo seu sorriso brilhar,
A minha boca ficou a calar, e o propósito se perdeu;
Então percebi que sentimento maior não há,
E a mentira que queria brincar... emudeceu.
Mesmo que a princípio era só brincadeira,
Uma voz de alma disse pra deixar ficar:
Porque um sentimento a engatinhar
Resolveu fincar bandeira.