Onde está meu sonho?
Sinto que algo me falta
Enquanto caminho incerto.
Sinto que a ninguém pertenço,
E que nenhuma de minhas certezas
tem mais valor que um jogo propenso
ao desgaste, a fadiga e a mendiguez da rima.
Penso em meus sonhos, factuais e ligeiros,
que não duram para além do sono.
Penso no seu abandono, quando de mim foge.
Penso no pobre sonho, que a mim faz refém
Em suas prisões de lágrimas e vento.
Aonde vais, amigo sonho?
Por que levas de mim os amores?
Fica, mesmo que um pouco,
Para que eu possa enfrentar com destreza as dores.
Aonde vais? Por que insistes em deixar-me?
Acaso não mais lhe agradam meus versinhos?
Entendo-o...
A vida parece mesmo ser feita de caminhos tortuosos,
como me disseste da última vez que me veio,
em meio às tuas intermitências.
Dorme, velho amigo. Não mais vou perturba-lo,
Se não cuida-lo para que não fujas.