Depois da Guerra 5
Fico no chuvisco, espreito as correntezas, faço um namorico com o Luar e o Sol, mas sempre sou levada para aquele esconderijo do Onipotente, à sombra do Altíssimo descanso, como que entregue ao reabastecer.
Na morada, chego ao amedrontar dos sentidos, pois a Grandeza da criação é tamanha, que o infinito não cabe nela. Transborda.
E o criado, homens, bichos, seres em ação, levam-me ao desfalecer no entusiasmo. Vejo nos bastidores de tanta artificialidade, o natural intacto, pronto para uso.
Como um tesouro em forma de manancial, intocado. Assim vige a essência das coisas. O reluzir de sua pureza impregnou meu ser de uma santidade permissiva, tudo pode nela. Que desperdício!
Vivem os poetas, pensadores e boêmios, em verso e prosa falando um pouco desta santa-leviana, liberdade. São os aparentemente covardes, que retiraram-se da selvageria, não conseguiram ir adiante na execução, nos mandos e desmandos do ego.
Ficam nos tempos entalados em meio a tanta fartura de realidade superior inutilizada, que é vista. Passam como únicos personagens da plateia, que assiste a cena da existência em sua realização, sem possibilidade de levar para seus irmãos de caminhada prova do experimentado, a não ser o que deixaram nos anais dos tempos em prosa, versos, estórias, mitos, fábulas, contos dos mais diversos mundos.
O que é o tempo? E o que seria este corpo, onde dizem que Sou? O que fomos em serões e províncias? A não ser memória, que cabe neste hoje, na máquina que a cibernética cada vez mais nos introduz.
A compaixão, a fraternidade, a tolerância e as ações daqueles que despertaram para a mitigação dos fomentos e convulsões intestinas para a guerra. É o caminho para que nos perpetuemos na Terra.
O desperdício de vida, a liberdade desagregada do amor incondicional a nós mesmos, em Deus e no próximo, nos arredou para longe. E deste longe, basta um salto, um único salto! de livre e espontânea iniciativa e responsabilidade nossa para assumir riscos, para sairmos da ignorância que corrompeu o humano no homem.