Depois da Guerra 4

O pássaro consegue realizar-se, sobrevoar florestas, cidades e rios, buscar comida e morrer onde foi encontrado.

Os reinos das serpentes, felinos e peixes, toda flora e fauna do mundo, conseguem manterem-se intactos na realização do ser entre as espécies.

E o homem não. Toca de roda, como ratinho ramister na gaiola. Talvez caiu nesta armadilha porque resolveu brincar de ser deus sozinho, sem o auxílio da centelha divina que habita em si, criando justamente aquilo que o levou para não ser.

É difícil para a inteligência refinada humana aceitar que o que tem como sendo ele pode não ter garantia de verdade, que a relidade não passa de uma fantasia montada para somente ser no instante para depois esvair como nuvem.

Que a regra estabelecida pela Fonte Suprema é a sua realização vulnerável, típica de quem ama e perdoa.

Na articulação das três atividades, criação, manutenção e destruição, O Absoluto refaz o trabalho rumo ao perfeito, que somente Ele tem conhecimento do que seja o ideal do perfeito.

Para o ego, esta suspeita de verdade pode doer.

Por isso as grandes posses do mundo, riquezas conquistadas e mantidas a base da bala e da guerra, tem sido a única garantia de estabilidade para muitos povos.

O ter título, personalidade, identidade e riquezas, intelectuais e materiais, mesmo que o dono do possuído saiba que será dele somente até a morte, tem evitado muitos escorregarem para as câmaras internas dos seus interiores. Talvez alí, enxergariam.

O arriscar o salto para dentro, sem o desafio da entrega incondicional à Centelha Divina, poderia ser encarado como loucura.

Soltar demanda coragem, o sujeitar-se a perder malas e bagagens, pois o que deixará de ser, poderá perder a ponte com o que passará a Ser.

E daí, para quem sempre viveu equilibrando com o apoio de bengalas, poderá ficar ilhado, se não passar a co-criar com Deus.

Selá

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 31/03/2019
Código do texto: T6611977
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