Desate esse nó apertado em seu peito.

Não finjas que nada sentes.

Isso parece despeito.

Em algum momento somos fragmentados

para depois nos reconstruirmos,

rearrumados e de um melhor jeito.

Não alardeie que a solidão é benfazeja.

Talvez seja necessária,

mas não por muito tempo,

ou vira tormento.

Dê aos seus olhos uma quedinha para trás,

e perceba que na estrada do conhecimento,

alguma mão lhe ajudou, te empurrou.

Não vale o esquecimento.

A ingratidão é terrível pecado.

Com o tempo, corrói por dentro

e ata novos nós,

gerando ressentimentos.

Ninguém se constrói apenas com o próprio esforço.

Até as míseras andorinhas saíram de um ninho.

Jamais ficam ao relento.

Um dia terás que encarar um espelho.

Lembrarás que ignorou conselhos.

Talvez seja difícil, mas necessário é reconhecer

que muitos dos dissabores ao longo da estrada,

são consequências de nossos destemperos.

Haverão dias em que precisarás retirar a(s) máscara(as)

e remover os vestígios de mágoas acumuladas.

Marcas que se tornarão indeléveis

se vez ou outra não lavares o rosto.

Pequenos vincos podem virar profundos sulcos

que tendem a rachar a alma

e deixar escorrer de vez para fora,

aquela essência que o tornava alguém mais puro.

Nem toda escolha mal feita é definitivo descaminho.

Existem atalhos, mas também retornos.

Bom lembrar que remorso não é arrependimento.

No dia de sua vitória, será muito triste,

se tiveres que estourar o espumante sozinho.

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 30/03/2019
Reeditado em 06/06/2019
Código do texto: T6610992
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.