CRENÇA
A criança crédula aguarda com alegria o presente.
Cria, procria a crua esperança no futuro onde o natimorto revive.
E encara a pé a longa estrada. A cada passo, a felicidade, à sua frente, dá mais um passo e traz consigo o chamado que a seduz. Ela corre, silvestre, a maratona dos justos de pés descalços. Sozinha e cega, imagina o treinador ao seu lado e aposta em ritmo forte até o último suspiro.
Para a travessia, apenas o vento e o cheiro das flores.
É outono e isso basta.
Inspirada no poema "Versos inacabados" do amigo e poeta Haschem, escritor do Recanto das Letras.