Silêncios
Olhos maduros escondem crianças
Que choram por um colo.
Os silêncios, assim como as lágrimas,
precisam ter para onde ir.
São órfãos precisando ser recolhidos.
Querem um lar, não apenas abrigo.
Nos abraços encontrariam casa,
para o cansaço que lentamente os apaga.
A invisibilidade é atributo dos que não tem morada.
Solidão é roupa apertada, de colarinho estreito.
Sufoca.
Esmaga.
Assim como o céu escurece,
Os sonhos também se turvam.
E as certezas que porventura resistem,
Fenecem solitárias nas madrugadas.
É quando orações não ultrapassam o teto,
Que impiedoso nos olha de volta, mudo.
Um observador constante de suspiros e soluços.
Alguém sabe para onde vão os silêncios que berram das almas torturadas?
Içadas de seus labirintos,
Por mais que tenham medo,
As cobaias também tem fome.
Chocolates com licor entorpecem,
mas não são como um beijo de amor.
Gostaria de ter engarrafado meu último.
Sequer lembro seu nome.
Rose Paz