APENAS SOLIDÃO E SAUDADE
O silêncio do quarto chega ser ensurdecedor, na sala de jantar está ela, a solidão de cara estampada sorrindo da dor que destrói aquele velho coração.
Suas mãos já calejadas acaricia em círculos o antigo colchão onde um dia fora o ninho de amor de um casal apaixonado, nada mais restou, além de lembranças turvas e embaraçadas de uma cabeça corroída pelo Alzheimer.
Maldito Alzheimer, por que não levou de vez todas as lembranças? Ainda vai e volta o pensamento com pitadas de saudades. Saudades de um tempo jovial em que andavam de mãos dadas tomando banho na chuva como se fossem dois moleques levados.
Tudo se foi, só saudade e solidão além de um velho colchão e um violão pendurado na parede indicando que um dia nele foi dedilhado belas canções para que ela deitasse em uma de suas pernas e adormecesse tão suavemente como uma criança que se aconchega no seio da mãe.
JOEL MARINHO